PECADO MUSICAL - AO PECADOR A BRUXINHA

Ainda que o Emi Eni Sete ensaiasse as suas novas músicas à exaustão, havia sempre um ou outro integrante que, no momento da apresentação pública, cometia gafes: ou tropeçava na divisão ou desafinava ou errava na harmonia. 

O erro poderia até passar desapercebido pelo público, mas "pecado" era imediatamente percebido pelos demais integrantes do grupo. E a esse "pecador" a gente entregava um boneco chamado "bruxa", que com ele permanecia até o momento que um outro colega da banda cometesse algum tipo de erro.

Para quem não sabe por não ser músico, erros podem e são cometidos por grandes artistas, só que eles sabem como incorporar o erro e despistá-lo aos seus ouvintes. Quer dizer, pela técnica e pela sabedoria do solista, fica parecendo que o erro é uma parte da melodia e/ou do improviso. Só que isto é dificílimo de fazer no calor de uma execução.

O dissipador ou encobridor de erros musicais do Emi Eni Sete era o nosso líder Mário Nelli. Ele imediatamente constatava os pecados dos demais integrantes e, como num passe de mágica, fazia com que as gafes - ou gaiteadas, como as por vezes chamávamos - fossem corrigidas ou acobertadas no ato. E era comum o Mário "assumir o solo da melodia" por problemas na execução do outro. E ele, com o competência musical que possuía, sabia até perceber quando o problema estava por aparecer - só de olhar na cara e no jeitão do músico. 

A bruxa não andou muito solta no Emi Eni Sete porque, como eu disse, a gente ensaiava dezenas de vezes uma mesma música. E, quando a música estava pronta, isto significava que a bruxinha não iria nunca baixar e nem varrer durante uma apresentação ou um espetáculo...

(O Mário recentemente me contou que, remexendo o seu baú, encontrou a bruxinha. Certamente ela será exposta na nossa Noite de Gala. É a bruxa rondando até a casa do Mário, mas agora trazendo bons fluidos - risos...)

Ezequiel, guitarrista do Emi Eni Sete

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