BAILES DE ANTIGAMENTE - O MELA-CUECA
O inventor da cueca merece um imenso reconhecimento público por parte de todos os brasileiros que, em bailes e similares, dançaram com seus pares na década de 1960. Naquela época, não tinha essa de "dançar longe"; pelo contrário, a gente dançava grudadinho, coladinho mesmo - corpo com corpo, dois pra lá dois pra cá, ao sabor dos ritmos de então (bolero, chá chá chá, samba, fox trote, baião, marcha, etc). Somente mais tarde, com a introdução do rock and roll e twist no Brasil que os pares começaram a dançar separados.
Santa Cruz do Rio Pardo não era exceção a esse fenômeno mais geral: nos bailes e nas brincadeiras dançantes, as damas esperavam ser "tiradas" para dançar uma seleção e a recusa, a "tábua", era uma afronta aos cavalheiros. Depois, caso aceitassem o convite ou o aceno, se punham de pé, abraçavam o parceiro e então dançavam.
Num contexto social altamente moralista e repressor como o da época, dançar era, na verdade, uma oportunidade para erotizar o corpo, dar uma boa juntada numa mulher e, no bate-coxa, aumentar o tesão em doses exponenciais. E para o homem a situação poderia ficar meio esquisita, principalmente porque, conforme a intensidade dos abraços e da lentidão das músicas, o ditocujo poderia aumentar de tamanho e roçar o gostoso lado oposto da parceira. Nessa situação o mela-cueca era inevitável... Pau duro na certa!
Não raras vezes as lavadeiras da época eram obrigadas a esfregar cuecas repletas de manchas - manchas essas que aumentavam a sua frequência depois dos bailes e brincadeiras dançantes. E havia até rapazes que jogavam fora as suas cuecas "samba-canção" com medo da "sujeira" ser percebida por seus familiares, principalmente as suas mães. A vergonha desse tipo de situação (esporrada na cueca) era grande, fazendo o sujeito passar por situações engraçadas e até vexatórias.
Para nós, integrantes do conjunto Emi Eni Sete e - por dever de ofício - observadores dos casais dançando, era super interessante quando, de repente, numa seleção de música mais lenta, o rapaz recolhia a bunda porque "o instrumento" estava inchado por debaixo das calças. A cena era extremamente hilariante: mesmo com o rosto colado no da parceira, o rapaz afastava a bunda, erguia uma das pernas, como se tivesse pisado num caco de vidro, e acompanhava o ritmo como se uma das pernas fosse mais curta do que outra. O resultado do bate-coxa era inevitavelmente o mela-cueca.
De vez em quando, quando percebíamos que vários casais estavam quase na hora de melar a cueca, nós do conjunto parávamos de tocar, encerrando repentinamente a seleção musical. Eis a cena: os rapazes caminhavam com as pernas erguidas para levar as damas de volta às suas mesas; pareciam um bando de aleijados, disfarçando a situação até a hora em que a "coisa" desinchasse! E levava certo tempo...
Ezequiel, guitarrista do Emi Eni Sete
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GRATO PELO SEU COMENTÁRIO. Reserve o dia 07 de dezembro de 2013 para participar da NOITE DE GALA. Abraço, Ezequiel