OBSERVANDO OS PARES DANÇANDO - SAMBA DE GAFIEIRA

Eu tinha um ciúme danado do meu irmão Pedrinho no que se refere à capacidade para dançar. Hoje já - e infelizmente - falecido prematuramente, Pedrinho tinha uma ginga danada para dançar diferentes estilos de samba. Muitas garotas de Santa Cruz do Rio Pardo, cujos nomes agora me escapam, gostavam muito de dançar com ele, pois sabiam que as evoluções no salão seriam diversas e prazerosas.

Em verdade, como músico e animador do baile nos idos de 1960, eram muito interessante observar os "pés-de-valsa" quando abriam o salão para exibir as suas competências de dançarinos. O Pedro Pelota, o Pedro Renófio, a Lucia Helena, a Ôla, etc eram exímios dançarinos e enchiam os olhos dos integrantes do Emi Eni Sete quando das seleções de samba.

O subgêneros do samba de gafieira (samba-choro, samba de breque e o samba sincopado) eram os preferidos para as demonstrações na pista. Houve até um tempo em que esteve muito na moda o chamado "samba puladinho", que exigia uma intimidade extrema dos casais de dançarinos - estes geralmente rodavam mais nas periferias da pista de dança, o que lhe permitia não somente uma grande exibição, mas mais espaço para os "pulinhos". Em tempos áureos, os clubes até contratavam dançarinos para dar mais sabor e beleza aos bailes. 

Pena que os bailes de hoje em dia toquem pouco ou não toquem o samba de gafieira - um ritmo que teve origem nos morros cariocas e, via propaganda da malandragem, se transformou num modo de ser (estilo brasileiro de vida )e de dançar. Os DJ's, com sua música barulhenta do gênero rock, em muito contribuíram para matar os prazeres de dançar nos bailes desta vida, mas tem gente que muito bem se recorda. Ainda bem...

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Para lembrar:

Piston de Gafieira
Milton Carlos

Na gafieira segue o baile calmamente
Com muita gente dando volta no salão
Tudo vai bem, mais eis porém que de repente
Um pé subiu e alguém de cara foi ao chão

Não é que o Doca é um crioulo comportado
Ficou tarado quando viu a Dagmar
Toda soltinha dentro de um vestido saco
Tendo ao lado um cara fraco, foi tirá-la pra dançar

O moço era faixa preta simplesmente
E fez o Doca rebolar sem bambolê
A porta fecha enquanto o duro vai não vai
Quem está fora não entra
Quem está dentro não sai

Mas a orquestra sempre toma providência
Tocando alto pra polícia não manjar
E nessa altura como parte da rotina
O pistom tira a surdina
E põe as coisas no lugar


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Ezequiel, guitarrista do Emi Eni Sete

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