O FIM DA ERA DO RÁDIO EM SANTA CRUZ

A chegada do sinal da televisão em Santa Cruz do Rio Pardo (TV Excelsior e TV Tupi, principalmente) na década de 1960 modificou radicalmente os hábitos da população, debilitando as reuniões de natureza comunitária. Antes do advento da TV, a sociedade santa-cruzense sistematicamente se reunia nas missas e procissões, sessões do Cine São Pedro, jardim (footing e retreta) e, mais tarde à noite, nos clubes locais em brincadeiras dançantes e bailes. Com a penetração cada vez maior dos programas de TV, inclusive com introdução do sinal a cores, esses costumes foram minguando, quase morrendo por completo, e sobreviveram tão somente as reuniões para as práticas de fé religiosa. O que antes era habitual virou pontual e esporádico.

Eu diria que até 1966 a comunidade de Santa Cruz manteve as suas redes de encontro e  aproximação via rádio, telefone e as reuniões acima mencionadas. E o rádio, enquanto meio de comunicação, era extremamente poderoso em termos de audiência para efeito de diálogo na distância e de informação. Tanto era assim que a Rádio ZYQ8 possuía um competente quadro de locutores, dentre os quais o Prof. José Eduardo Catalano, que, além do programa "O telefone é quem manda", também apresentava os programas Rádio Clube Mirim e o Programa do Estudante, todos com imenso sucesso na época, reunindo em torno de si um grande contingente de adeptos. 

Tive o prazer de presenciar a visita do grande locutor Luiz Aguiar a Santa Cruz do Rio Pardo em 1964. Ele era um expoente do rádio brasileiro, trabalhando como locutor esportivo na equipe de Pedro Luiz (Rádio Bandeirantes) e posteriormente partindo para a apresentação do programa "Os brotos comandam", já dentro do movimento da Jovem Guarda. 

Na foto abaixo, seguro o microfone para Luiz Aguiar cantar a música "Chão de Estrelas", de Orestes Barbosa - um retumbante sucesso do cantor Sílvio Caldas, um seresteiro conhecido em todo o Brasil de 1950 até finais de 1980. Desnecessário dizer que o Clube dos XX, onde o Luiz Aguiar se apresentou estava lotado de gente para efeito de autógrafos e coisas assim. Sim, a era do rádio projetou muita gente boa por esse Brasil afora e Santa Cruz do Rio Pardo teve o prazer de receber alguns ídolos cuja voz vinha de terras distantes e era ouvida pela maioria da população, até que a televisão desbancasse tudo isso. 


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“Luiz Gonzaga de Aguiar nasceu na modesta cidadezinha de Colônia (SP), pertinho de Barretos, onde o Rio Pardo marca encontro com o Rio Grande. Filho do Seo Dinamérico, exímio alfaiate e de Dona Zizi, que sempre se esmerou na boa educação dos filhos, foi seminarista e quase se tornou padre. Até hoje ele é capaz de rezar uma missa inteira em latim. A linda e imponente voz e a vocação do radialista logo o colocaram em destaque no rádio de Barretos. Depois veio a PRA 7, em Ribeirão Preto (SP), onde se consagrou como grande narrador de futebol. E não tardou para que o inesquecível Pedro Luiz o convidasse para integrar o famoso Scratch do Rádio da Bandeirantes. Então mostrou sua veia de extraordinário repórter, o primeiro brasileiro a entrevistar Yuri Gagarin, vivendo nos gramados e era Pelé e tudo de bom que aconteceu no futebol da época.Mas ele queria e podia muito mais. Convidado pela Band, topou entrar no mundo musical e fez muito sucesso com o programa Os Brotos Comandam, no auge do rock e da Jovem Guarda, que comandou por muitos anos. Numa investida irresistível, aceitou convite e foi para Rádio Tupi. No Sumaré mostrou toda a sua grande categoria, obtendo, no rádio, índices de audiência que fazem inveja à moderna televisão. Teve também uma produtora com estúdios próprios onde produzia programas diários que iam ao ar em mais de 100 emissoras espalhadas pelo imenso Brasil." FOTO DE LUIZ AGUIAR HOJE (abaixo)



EZEQUIEL, guitarrista do Emi Eni Sete

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