ELIAS - UM BAMBA DO CONTRABAIXO

Minha memória não apresenta muita nitidez quando tenta recuperar o momento exato em que o Elias apareceu em Santa Cruz do Rio Pardo para tocar com o  EMI ENI SETE. Neste momento, 45 anos passados, lembro apenas que ele morava em Ipaussu e viajava com Simões (sax) e Budu (bateria) para se apresentar nas brincadeiras dançantes e bailes em Santa Cruz.

Duas características do Elias a minha recordação traz claramente ao presente: a sua intuição musical, acompanhando - acredito que de ouvido - com maestria qualquer tipo de música que fosse tocada; o seu sorriso alegre, o seu bom humor, nunca deixando transparecer possíveis tristezas interiores. 

Elias era capaz de construir caminhos belíssimos no contrabaixo através daquilo que em jazz é conhecido com "walking bass" (baixo andante) - "A técnica do baixo andante é típica de um baixo que não para de tocar, com uma continua pulsação como se estivesse a andar pela música toda e que passeia entre as notas que cantam a melodia, como em uma progressão harmônica, freqüentemente cifrando a própria música sendo interpretada." Em verdade, o Elias era um mestre nesse tipo de progressão, preenchendo os espaços harmônicos e não deixando o ritmo cair.

Fiquei sabendo que o Elias veio a falecer prematuramente na década de 1970. Como já estava fazendo faculdade em São Paulo/Capital, não pude acompanhar as causas e nunca tive tempo para saber se ele deixou algum legado musical a parentes ou conhecidos. Acredito que o seu legado maior ainda esteja vinculado aos músicos que o conheceram e com ele tocaram no Emi Eni Sete e, certamente, junto a centenas de pessoas que dançaram e cantaram ao som do seu competentíssimo contrabaixo. 

Talvez na Noite de Gala em homenagem a Mário Nelli todos os integrantes do Emi Eni Sete pudessem reunir imagens do Elias para não apenas recordar um grande amigo, mas também - e principalmente - reverenciar um músico que em muito contribuiu para a projeção do conjunto. Fica a sugestão!

Ezequiel, guitarrista do Emi Eni Sete