MEU GRANDE AMIGO “ELIAS MADEIRA”

Impossível esquecer, tão marcante que foi a sua passagem entre nós nos idos de 1960.

Vindo do Rio de Janeiro para Ipaussu, integrante de família evangélica, em cuja igreja seu pai era um pastor respeitado e muito querido. Elias, por sua vez, não professava a mesma fé de seus pais e irmãos - resolveu seguir a vida de artista como músico e pintor de quadros, atividades que praticava com maestria. Era casado e pai de uma linda menina.

Boêmio...  Todas as semanas fazíamos serenatas em Ipaussu. Eu no clarinete ou sax-alto, Miro no violão, Eduardo Mendonça no acordeão, Elias Madeira no contrabaixo acústico, que, embora gigantesco e incomodo para carregar, no silêncio da noite produzia um som maravilhoso. E, por último, sempre um acompanhante encarregado de cuidar do garrafão cheio de cachaça no início da serenata e vazio no final. 

Elias desconhecia a palavra “não”. Amigo para toda hora. Trabalhou no setor de desenho da Prefeitura de Ipaussu, onde ficou por pouco tempo. Sem dúvida nenhuma a sua paixão era a música. 

Tornou-se integrante do EMI ENI SETE, tocando maravilhosamente o contrabaixo acústico e depois elétrico.  Entregou-se totalmente à banda com seu espírito colaborador, alegre e amigo, 

Mesmo sempre tropeçando nas dificuldades financeiras, resolveu certo dia comprar um carro para viajarmos até Santa Cruz do Rio Pardo para participarmos dos ensaios. Na verdade, era um “navio” Chevrolet no último estado de conservação, pois era possível se ver o asfalto pelos buracos do assoalho, sem farol, e o combustível sempre “no grito”. Por várias vezes o carro deixou-nos na estrada. Para viajarmos à noite, era necessário eu iluminar a estrada com o uso de um farolete. Foi o que deu para comprar com o dinheiro que tinha...

Era uma aventura!  Tudo pelo EMI ENI SETE que, afinal, a alegria e prazer que nos proporcionava compensava toda essa aventura.

Bom músico como era, não tinha hora para praticar e sempre convidava-me para “fazer um sonzinho” com violão e sax-tenor em sua casa.  E regados a caipirinha e tira-gosto, varávamos a noite.

Em um fatídico dia, dirigindo-se para a cidade de Chavantes veio a falecer, vítima de acidente na Rodovia Raposo Tavares.

Meu grande amigo ELIAS MADEIRA. Em dezembro deste ano a banda EMI ENI SETE se apresentará trazendo ao povo de Santa Cruz e Região, a lembrança indelével de uma época que só a saudade pode testemunhar. E você faz parte dela!

José Carlos Simões – Sax-tenor do Emi Eni Sete


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